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Tudo sobre o artigo 286 do Código Penal

Introdução ao artigo 286 do Código Penal

O que você precisa saber sobre o artigo 286 do Código Penal?

O Código Penal é o principal diploma legislativo que trata dos crimes e suas punições no Brasil.

Entre os diversos artigos que compõem esse importante conjunto de normas, encontra-se o Artigo 286, que versa sobre a incitação ao crime.

Neste artigo, discorreremos de forma detalhada sobre o conteúdo, elementos e consequências relacionadas ao Artigo 286 do Código Penal.

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1. O que é o Artigo 286 do Código Penal?

O Artigo 286 do Código Penal brasileiro tipifica a conduta de

Incitar, publicamente, a prática de crime:Pena – detenção, de três a seis meses, ou multa.Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem incita, publicamente, animosidade entre as Forças Armadas, ou delas contra os poderes constitucionais, as instituições civis ou a sociedade.

Em outras palavras, esse dispositivo busca proteger a paz publica, o sentimento de segurança.

2. A conduta de apologia ao crime

A apologia ao crime pode se manifestar de diversas formas, como em discursos, escritos, imagens, áudios ou vídeos, e tem como objetivo enaltecer ou incentivar a prática de crimes.

Para que a conduta seja considerada criminosa, é necessário que ela seja feita de forma pública, ou seja, que seja dirigida a um público amplo e não apenas restrito a um círculo particular.

Exemplo: Em uma reunião de greve de rodoviários, em uma praça, alguém comece a incentivar a destruição de um ônibus.

3. Elementos do Artigo 286 do Código Penal

Para que alguém seja responsabilizado penalmente com base no Artigo 286, é essencial a presença de alguns elementos:

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Como já mencionado, a apologia ao crime deve ser feita publicamente, com potencial de alcançar um número considerável de pessoas.

Caso a manifestação ocorra em um ambiente privado e restrito, não haverá a configuração desse crime.

Sujeito Ativo

Qualquer pessoa, portanto, trata-se de crime comum, além disso unissubjetivo, pois só pode ser cometido por uma pessoa.

Não impede, porém, o concurso de pessoas dos Arts. 29 e 30.

Sujeito Passivo

A sociedade como um todo, afinal a incitação poderá levar a situação de perigo a segurança da coletividade.

Bem juridicamente protegido

 A paz pública, não há objeto material (ou seja, a quem recai a ação).

Elemento Subjetivo

Dolo, Insuflar as pessoas, vontade de fazer com que as pessoas tenham o ânimo para cometer o crime.

Somente aceito o tipo de dolo, pois não há previsão para modalidade culposa.

Consumação e tentativa

Quando efetivamente a incitação é exteriorizada e chega ao conhecimento do público.

A mera manifestação de ideias ou opiniões sobre questões polêmicas ou desfavoráveis ao Estado ou a terceiros, desde que não configurem a promoção direta de crimes, não caracterizará a infração prevista no Artigo 286.

4. A liberdade de expressão e o Artigo 286 do Código Penal

É importante ressaltar que a apologia ao crime, apesar de ferir a lei, encontra limites na liberdade de expressão.

A Constituição Federal de 1988 garante esse direito como uma das bases fundamentais da democracia.

Contudo, a liberdade de expressão não é absoluta e deve ser exercida de forma responsável e dentro dos limites legais.

5. Pena e consequências do Artigo 286

A pena prevista para o crime de apologia ao crime é de detenção, que pode variar de 3 a 6 meses, ou multa.

É importante lembrar que o juiz tem a discricionariedade de aplicar uma pena alternativa à prisão, como a prestação de serviços à comunidade ou a limitação de fim de semana.

Além da pena, o condenado por apologia ao crime pode sofrer outras consequências, como danos à sua imagem pública, perda de emprego ou cargo público, bem como ações civis de reparação por eventuais vítimas que se sentirem atingidas pela conduta criminosa.

6. Quais cuidados o advogado criminalista deve ter para atuar em casos de acusação do art. 286 do CP?

Ao atuar em casos de acusação do Artigo 286 do Código Penal, o advogado criminalista deve tomar diversos cuidados para garantir a efetiva defesa de seu cliente e assegurar o devido processo legal.

Abaixo estão alguns cuidados essenciais que o advogado deve observar:

Conhecimento profundo do Artigo 286:

O primeiro passo é estudar minuciosamente o conteúdo do Artigo 286 do Código Penal para entender os elementos da conduta criminosa e as peculiaridades da tipificação.

Somente com esse conhecimento detalhado o advogado poderá elaborar uma estratégia de defesa adequada.

Análise minuciosa dos fatos:

O advogado deve realizar uma investigação cuidadosa dos fatos relacionados à acusação de apologia ao crime.

Isso inclui revisar provas, documentos, áudios, vídeos ou outras evidências que possam embasar a acusação.

Buscar possíveis testemunhas e outras informações relevantes também é essencial.

Garantia do contraditório e ampla defesa:

Assegurar o exercício pleno do contraditório e da ampla defesa é um dos pilares fundamentais do direito penal.

O advogado deve garantir que seu cliente possa apresentar sua versão dos fatos e contestar as acusações de forma justa e igualitária.

Avaliação da liberdade de expressão:

É importante analisar se a conduta em questão configura de fato apologia ao crime ou se está amparada pelo direito à liberdade de expressão.

Nem todo discurso ou opinião controversa configura apologia ao crime, e o advogado deve discernir entre manifestações protegidas constitucionalmente e aquelas que ultrapassam esses limites.

Respeito aos direitos humanos:

O advogado deve pautar sua atuação pelo respeito aos direitos humanos e à dignidade de todas as partes envolvidas no processo, independentemente da gravidade da acusação.

O compromisso ético é essencial em qualquer atuação profissional.

Elaboração de estratégia defensiva:

Com base nas informações coletadas, o advogado deve desenvolver uma estratégia de defesa sólida e coerente, buscando identificar falhas na acusação, pontos fracos nas provas apresentadas ou argumentos que possam refutar as alegações do Ministério Público.

Negociação de penas e acordos:

Em algumas situações, é possível buscar alternativas à pena de detenção, como a realização de acordos ou a negociação de penas alternativas, como prestação de serviços à comunidade.

O advogado deve avaliar todas as possibilidades de acordo com o perfil do cliente e os interesses envolvidos.

Acompanhamento psicológico do cliente:

Casos envolvendo acusações graves podem ter impactos emocionais significativos sobre o cliente.

O advogado pode recomendar o acompanhamento psicológico para auxiliar o cliente a enfrentar o processo e as consequências emocionais que possam advir da acusação.

Atuação ética e profissional:

Por fim, é fundamental que o advogado atue de forma ética e profissional durante todo o processo, respeitando as normas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e garantindo a integridade do seu cliente e do sistema de justiça.

A atuação em casos de acusação do Artigo 286 do Código Penal exige preparo, responsabilidade e dedicação do advogado, pois trata-se de uma situação delicada que pode impactar a vida de seu cliente de forma significativa.

Conclusão

O Artigo 286 do Código Penal desempenha um papel relevante na proteção da sociedade contra discursos e manifestações que promovam, enalteçam ou incentivem a prática de crimes.

É fundamental que a liberdade de expressão seja exercida com responsabilidade e respeito aos limites legais, visando à harmonia e ao bem-estar coletivo.

Portanto, advogados criminalistas têm a importante missão de atuar na defesa dos acusados de apologia ao crime, assegurando o devido processo legal e garantindo que a justiça seja aplicada de forma equânime e efetiva.

A compreensão detalhada do Artigo 286 e de suas nuances é essencial para um exercício profissional responsável e competente na área do direito criminal.

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